Um iogue, tido como sábio, sentou-se na pedra
à beira do córrego que margeava a sua moradia. Ele gostava de sentar ali, e
sempre, nesses momentos, alguém se aproximava para ouvir seus sábios conselhos.
Certa tarde, quando o sol estava prestes a se pôr e as avezinhas voavam em
bando para seus locais de repouso, eis que se aproximou um homem e
disse:
-Mestre, gostaria de trocar contigo algumas
palavras.
-Se eu tiver as palavras certas, naturalmente
falarei contigo - respondeu o iogue.
E o homem assim falou:
-Apaixonei-me por uma moça casada, sem filhos
ainda... por isso, creio que talvez seja possível um relacionamento entre nós
dois.
O iogue perguntou:
-Ela corresponde aos teus anseios?
O homem respondeu:
-Ela tem olhado para mim com olhares brilhantes e
sorrisos nos lábios. Por isso eu pergunto ao senhor… o que pensa sobre a
paixão?
O iogue assim falou:
-A paixão só é saudável quando sentida por alguém
sem impedimento. Caso contrário, é como uma torrente que arrasta para o
abismo. A paixão é linda por um tempo, mas, se não se transformar no amor que
complementa ambas as partes, tanto na alegria quanto na tristeza, na riqueza ou
na pobreza, na saúde ou na doença, então poderemos comparar a paixão ao rastro
destruidor que se forma na trilha lambida pela lava vulcânica, que ao expelir
seu calor não deixa de causar danos incalculáveis.
O homem agradeceu as palavras e afastou-se
refletindo.
O iogue, olhando seu próprio reflexo na fonte,
pensou: cada qual tece seu destino... não existe fatalidade.
Maria
Nilceia - Via Mediúnica
