domingo, 5 de janeiro de 2025

O Homem Abandonado

 



Buda descansava às margens de um riacho de águas refrescantes. Molhava seus pés e sentia-se revigorado.

Achega-se a ele, um homem em desespero e reclama: minha mulher me abandonou! Levou tudo de casa e só me deixou o teto, a cama e o chão. Quão infeliz estou!

Buda lhe diz:

- Calma, filho... porque o desespero? Tens ainda o teto, a cama e o chão. Para te alimentares e viveres bem, trabalhes sem preguiça. Andes pelos caminhos nos momentos de folga, bebas a água fresca da fonte, colhas os frutos das árvores e bebas o chá a tua disposição. A cevada nutrirá teu chá e o chá nutrirá teu corpo.

O homem concorda e lhe pergunta:

-Devo ir atrás dela?

Buda lhe responde:

- Se tiveres que pedir perdão, vás e peças, mas não implores para ela voltar, pois essa decisão depende do amor ou da raiva que ela sente de ti. O coração feminino é como uma gondola. Quando o peso está insuportável, ele sabe muito bem como se aliviar.

- O homem, cabisbaixo, molhou a fronte na água fresca e seguiu seu caminho pensado, pensando... e desapareceu ao final de uma curva.

Buda meneou a cabeça e pensou: aprende, filho, que a vida pode acarretar surpresas nem sempre boas! Por isso, é preciso cultivar a sabedoria no trato com os familiares.

Hari

Maria Nilceia – Via Mediúnica


Aos Pés Dos Jasmins

 


Chico, no Mundo Espiritual, andava tranquilamente por entre os caminhos de lindos pés de jasmins. Sentia o coração grato ao Pai Celeste por aqueles momentos especiais. Ali, encontrou a senhora que procurava. A fisionomia dela era de tristeza, dor emocional sem tamanho. Chico aproximou-se para ajudá-la.

-Senhora, porque esse olhar tão triste?

-Sinto-me infeliz, minha vida na Terra foi repleta de provações e de falsidades. Não desejo me justificar, dizendo-lhe que fui perfeita…  não…, mas, apesar de minhas imperfeições, sempre ajudei o próximo da maneira que me foi possível. Hoje, sinto-me só, necessitada de auxílio.

Neste momento, uma linda flor de jasmim desprendeu-se de um galho e caiu aos pés da mulher. Chico abaixou-se, pegou a flor e pediu-lhe que a segurasse em suas mãos, sentisse seu perfume agradável e observasse a perfeição, a delicadeza e a beleza das pétalas. Ela aproximou o jasmim de sua face e se pôs a observá-lo atentamente, após o quê, voltou o olhar para Chico, dizendo:

-Tem razão, senhor... Como as pétalas e o perfume são delicados!

Chico, então falou:

-Irmã, o espírito cocriador que idealizou esse tipo de jasmim é tão especial quanto a flor imaginada e criada por ele. Nos diversos tipos de flores, está manifestada a especialidade de cada espírito cocriador.

-Nunca imaginei que seria assim!

Chico prosseguiu:

-Eles as criaram com carinho para ofertá-las aos habitantes do planeta Terra; por isso, cada pessoa que tem um pé de jasmim ou de outra flor e que reconhece a delicadeza dos espíritos cocriadores, recebe energias benéficas ao aproximar-se das flores.

Lágrimas começaram a cair dos olhos da irmã solitária. Seu coração bateu diferente, porque ela entendeu o sentido das palavras de Chico. 

-Muito grata estou, senhor, por me fazer entender tudo o que vai na essência da natureza. Não me sentirei mais solitária, porque quando eu me aproximar das flores, entenderei que espíritos cocriadores e perfeitos criaram-nas, para que os pássaros tivessem alimento, a vida se proliferasse e as pessoas não se sentissem sozinhas diante da presença especial de cada um desses espíritos, tão perfeitos e próximos de Deus.

Chico respondeu:

-Minha irmã entendeu o que eu quis lhe mostrar e lhe sou grato por ter compreendido. Espero que nunca mais se sinta triste e solitária.

Num gesto de fraternidade, Chico a convidou:

-Se a senhora foi fraterna na Terra, pode continuar sendo fraterna aqui. Se desejar, acompanhe-me.

Chico se pôs a andar e ela o acompanhou. Chegaram a um recanto que continha um grande lago. Espíritos felizes estavam sentados em torno. Chico expôs à irmã:

-A senhora poderá integrar esta família… todos estes espíritos são também fraternos. São trabalhadores que diariamente se aproximam do plano físico da Terra para ajudar os necessitados de arrimo. A senhora será muito bem acolhida nesta família. Só lhe peço o seguinte: não rememore o passado de angústias, sinta a vida plena que lhe enternece o coração a partir de agora e siga em frente com estes irmãos.

Feliz, a senhora aproximou-se daquelas pessoas e timidamente sentou-se no lugar vago que encontrou naquele solo bendito de relva verde enfeitado por águas cristalinas. Um jovem que estava próximo lhe disse:

-Estávamos lhe esperando. Chico nos informou que traria aqui mais uma irmã para engrossar as fileiras do bem. Seja bem-vinda!

Num sorriso, as palavras externadas foram: obrigada!

Chico, em pé, sorria feliz e pensava: mais uma alma para o rebanho de Cristo, mais uma alma para amparar os aflitos... Obrigado Senhor!

Maria Nilceia – Via Mediúnica