domingo, 15 de junho de 2025

Buda e o Homem Arrependido

 


Buda, naquele momento, sentia-se grato pela sabedoria adquirida. Eis que chega um homem de aspecto triste. Aproximou-se de Buda, pediu um tempo para expor seu problema e assim se expressou:

-Sou muito rico e dei valor para os meus bajuladores... Fui desumano com alguém que certamente foi o meu melhor amigo.  Ele partiu e deixou em minha alma um arrependimento gigante por eu não ter valorizado sua amizade.

Buda perguntou:

-Quem foi essa pessoa?

O rico senhor respondeu:

-Foi um servidor que cuidou de mim desde os meus 12 anos e certamente daria a vida por mim. Agora, o que chora em minha alma, é que nunca disse a ele obrigado. Certa manhã, ele se aproximou de mim com a mão no peito, dizendo:

-Senhor, estou me sentindo mal... me perdoe, hoje não conseguirei trabalhar.

-Sem que desse tempo de socorrê-lo, ele caiu aos meus pés já sem vida. Notei que em sua mão direita havia um papel. Nele estava escrito: Senhor, acredite, tenho por vós muito respeito. Sinto que se aproxima o meu fim, porque tenho passado mal. Não quero partir sem expressar a minha gratidão. Muito obrigado por tudo! 

A essa altura, o rico senhor chorava aos pés de Buda e dizia:

-Talvez vossas palavras possam me dar algum alívio.

Buda pensou algo que não poderia falar, porque só pioraria a situação. Tentou amenizar o sofrimento do pobre homem dizendo:

-Filho... as melhores e mais sinceras amizades não estão nas pessoas que dispensam falsos elogios, estão nas pessoas mais simples que talvez tenham pouca expressão social e permanecem no anonimato. Com certeza, o fato lhe serviu de lição. Vá em paz, seu servo está feliz e sabe do seu arrependimento. No Mundo dos Espíritos, ele continuará sendo leal a você. A partir de agora, preste mais atenção e viva com a alegria e a inocência de uma criança feliz e bem conduzida.

Mais sereno, o homem agradeceu e se afastou lentamente.

Amados, reflitamos também na questão amizade.

Maria Nilceia - Mensagem mediúnica


domingo, 27 de abril de 2025

O Peixinho Amoroso

 


Ele era amoroso de verdade. Antes de encarnar como peixinho, prometeu a Jesus que disseminaria o amor com pequenas e singelas gentilezas aos demais peixes. E, numa bela manhã ensolarada, ele renasceu.

Com o passar do tempo, ele percebeu que os demais peixes não lhe eram acessíveis ao amor demonstrado. À noite, quando orava, dizia:

-Jesus, o senhor não me avisou que seria tão difícil tocar os corações.

E assim, para cada gentileza que ele tentava praticar, percebia que era considerado um peixinho inconveniente. Devido aos preconceitos dos demais peixes, sua presença não era aceita.

Certa noite, em suas reflexões, ele pensou:  o mar é tão lindo, tão rico, mas eu não tenho lindas pérolas para oferecer, como as ostras e nem tenho o colorido dos peixes exóticos. Deve ser por isso que sou considerado um peixinho feio e inconveniente. Quando eu for parar numa rede de pescador e meu fim se aproximar, chegarei até Jesus sem ter cumprido a promessa que lhe fiz.

E realmente ele foi pego certa madrugada numa rede, morrendo asfixiado quando os pescadores vieram e recolheram a rede. A alma do peixinho, criada para ter vida eterna, nadou com muita liberdade naquele mar espiritual tão abençoado. Nenhuma rede o capturaria novamente.

O peixinho passou a esperar por Jesus… tinha esperança de encontrá-Lo... mas, não foi Jesus quem veio, foi a rainha do mar, a linda Mãe Iemanjá, enviada pelo próprio Jesus. Encantado com essa presença tão deslumbrante, falou-lhe:

-Mãe, ninguém quis minha aproximação, não consegui cumprir meus objetivos. 

Ao que ela respondeu:

-Filho, você vai ter surpresas incríveis a partir de agora. Está sob minha responsabilidade. Levar-te-ei comigo por onde eu for.

E assim aconteceu... O peixinho amoroso teve muitas surpresas. Iemanjá o levou para ver todos aqueles peixes preconceituosos e cheios de si. Eles estavam envelhecendo, sentindo-se tristes e desgraçados. Cada um deles dizia:

-Deus, tenha piedade de mim… estou tão só e amargurado. Agora, na velhice, sinto-me abandonado e sem amor.

Nessas ocasiões, Iemanjá dizia ao peixinho amoroso:

-Vá meu filho, sopre amor na fronte desse peixe triste.

O peixinho, que não alimentava raiva, nem desejo de vingança, aproximava-se do peixe triste e soprava amor em sua fronte. O peixe triste sentia-se renovado e feliz. Passavam a sentir gratidão a Deus.

Passados alguns anos, após aqueles peixes terem desencarnado, Iemanjá reuniu todos eles num recanto do oceano e lhes disse:

-Agora que vocês estão percebendo a velhice solitária que tiveram, entendam que não souberam reconhecer as dádivas de amor que um peixinho amoroso desejou tanto lhes dar.

A essa altura, o peixinho já tinha dado tanto amor, que sua forma era uma linda luz lilás que parecia brincar em meio às ondas do mar. Envolto nessa luz, o peixinho, na presença da Mãe Iemanjá, trouxe felicidade aos velhos peixes, na esperança de que um dia eles também almejassem ser peixes de luz plasmada pelo poderoso sentimento que chamamos de Amor.

Pai Zeca - Médium: Maria Nilceia


domingo, 5 de janeiro de 2025

O Homem Abandonado

 



Buda descansava às margens de um riacho de águas refrescantes. Molhava seus pés e sentia-se revigorado.

Achega-se a ele, um homem em desespero e reclama: minha mulher me abandonou! Levou tudo de casa e só me deixou o teto, a cama e o chão. Quão infeliz estou!

Buda lhe diz:

- Calma, filho... porque o desespero? Tens ainda o teto, a cama e o chão. Para te alimentares e viveres bem, trabalhes sem preguiça. Andes pelos caminhos nos momentos de folga, bebas a água fresca da fonte, colhas os frutos das árvores e bebas o chá a tua disposição. A cevada nutrirá teu chá e o chá nutrirá teu corpo.

O homem concorda e lhe pergunta:

-Devo ir atrás dela?

Buda lhe responde:

- Se tiveres que pedir perdão, vás e peças, mas não implores para ela voltar, pois essa decisão depende do amor ou da raiva que ela sente de ti. O coração feminino é como uma gondola. Quando o peso está insuportável, ele sabe muito bem como se aliviar.

- O homem, cabisbaixo, molhou a fronte na água fresca e seguiu seu caminho pensado, pensando... e desapareceu ao final de uma curva.

Buda meneou a cabeça e pensou: aprende, filho, que a vida pode acarretar surpresas nem sempre boas! Por isso, é preciso cultivar a sabedoria no trato com os familiares.

Hari

Maria Nilceia – Via Mediúnica


Aos Pés Dos Jasmins

 


Chico, no Mundo Espiritual, andava tranquilamente por entre os caminhos de lindos pés de jasmins. Sentia o coração grato ao Pai Celeste por aqueles momentos especiais. Ali, encontrou a senhora que procurava. A fisionomia dela era de tristeza, dor emocional sem tamanho. Chico aproximou-se para ajudá-la.

-Senhora, porque esse olhar tão triste?

-Sinto-me infeliz, minha vida na Terra foi repleta de provações e de falsidades. Não desejo me justificar, dizendo-lhe que fui perfeita…  não…, mas, apesar de minhas imperfeições, sempre ajudei o próximo da maneira que me foi possível. Hoje, sinto-me só, necessitada de auxílio.

Neste momento, uma linda flor de jasmim desprendeu-se de um galho e caiu aos pés da mulher. Chico abaixou-se, pegou a flor e pediu-lhe que a segurasse em suas mãos, sentisse seu perfume agradável e observasse a perfeição, a delicadeza e a beleza das pétalas. Ela aproximou o jasmim de sua face e se pôs a observá-lo atentamente, após o quê, voltou o olhar para Chico, dizendo:

-Tem razão, senhor... Como as pétalas e o perfume são delicados!

Chico, então falou:

-Irmã, o espírito cocriador que idealizou esse tipo de jasmim é tão especial quanto a flor imaginada e criada por ele. Nos diversos tipos de flores, está manifestada a especialidade de cada espírito cocriador.

-Nunca imaginei que seria assim!

Chico prosseguiu:

-Eles as criaram com carinho para ofertá-las aos habitantes do planeta Terra; por isso, cada pessoa que tem um pé de jasmim ou de outra flor e que reconhece a delicadeza dos espíritos cocriadores, recebe energias benéficas ao aproximar-se das flores.

Lágrimas começaram a cair dos olhos da irmã solitária. Seu coração bateu diferente, porque ela entendeu o sentido das palavras de Chico. 

-Muito grata estou, senhor, por me fazer entender tudo o que vai na essência da natureza. Não me sentirei mais solitária, porque quando eu me aproximar das flores, entenderei que espíritos cocriadores e perfeitos criaram-nas, para que os pássaros tivessem alimento, a vida se proliferasse e as pessoas não se sentissem sozinhas diante da presença especial de cada um desses espíritos, tão perfeitos e próximos de Deus.

Chico respondeu:

-Minha irmã entendeu o que eu quis lhe mostrar e lhe sou grato por ter compreendido. Espero que nunca mais se sinta triste e solitária.

Num gesto de fraternidade, Chico a convidou:

-Se a senhora foi fraterna na Terra, pode continuar sendo fraterna aqui. Se desejar, acompanhe-me.

Chico se pôs a andar e ela o acompanhou. Chegaram a um recanto que continha um grande lago. Espíritos felizes estavam sentados em torno. Chico expôs à irmã:

-A senhora poderá integrar esta família… todos estes espíritos são também fraternos. São trabalhadores que diariamente se aproximam do plano físico da Terra para ajudar os necessitados de arrimo. A senhora será muito bem acolhida nesta família. Só lhe peço o seguinte: não rememore o passado de angústias, sinta a vida plena que lhe enternece o coração a partir de agora e siga em frente com estes irmãos.

Feliz, a senhora aproximou-se daquelas pessoas e timidamente sentou-se no lugar vago que encontrou naquele solo bendito de relva verde enfeitado por águas cristalinas. Um jovem que estava próximo lhe disse:

-Estávamos lhe esperando. Chico nos informou que traria aqui mais uma irmã para engrossar as fileiras do bem. Seja bem-vinda!

Num sorriso, as palavras externadas foram: obrigada!

Chico, em pé, sorria feliz e pensava: mais uma alma para o rebanho de Cristo, mais uma alma para amparar os aflitos... Obrigado Senhor!

Maria Nilceia – Via Mediúnica


domingo, 8 de dezembro de 2024

Paixão

 


Um iogue, tido como sábio, sentou-se na pedra à beira do córrego que margeava a sua moradia. Ele gostava de sentar ali, e sempre, nesses momentos, alguém se aproximava para ouvir seus sábios conselhos. Certa tarde, quando o sol estava prestes a se pôr e as avezinhas voavam em bando para seus locais de repouso, eis que se aproximou um homem e disse: 

-Mestre, gostaria de trocar contigo algumas palavras. 

-Se eu tiver as palavras certas, naturalmente falarei contigo - respondeu o iogue. 

E o homem assim falou: 

-Apaixonei-me por uma moça casada, sem filhos ainda... por isso, creio que talvez seja possível um relacionamento entre nós dois. 

O iogue perguntou: 

-Ela corresponde aos teus anseios? 

O homem respondeu: 

-Ela tem olhado para mim com olhares brilhantes e sorrisos nos lábios. Por isso eu pergunto ao senhor… o que pensa sobre a paixão? 

O iogue assim falou: 

-A paixão só é saudável quando sentida por alguém sem impedimento. Caso contrário, é como uma torrente que arrasta para o abismo. A paixão é linda por um tempo, mas, se não se transformar no amor que complementa ambas as partes, tanto na alegria quanto na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, então poderemos comparar a paixão ao rastro destruidor que se forma na trilha lambida pela lava vulcânica, que ao expelir seu calor não deixa de causar danos incalculáveis.

O homem agradeceu as palavras e afastou-se refletindo.

O iogue, olhando seu próprio reflexo na fonte, pensou: cada qual tece seu destino... não existe fatalidade.

Maria Nilceia - Via Mediúnica 


segunda-feira, 26 de junho de 2023

Forno da Persistência

 

Francisca, numa das aulas de Filosofia, pergunta ao professor, num dos debates que ele promovia sobre felicidade: 

-Qual a receita para ser feliz? 

O professor lhe responde: 

-A felicidade é um estado de alma que cada pessoa precisa ser sábia para conquistá-lo. 

-Então não serei feliz nunca, porque não tenho o mínimo de sabedoria. 

O professor lhe toca a fronte, externando: 

-Em sua fronte reside o que chamamos de “terceiro olho”, ou seja, o canal que lhe fornece as intuições. Em suas mãos está a ação. A união das intuições com a ação das mãos lhe fornecerá sabedoria. Será como a massa de pão. Com as mãos o padeiro sova a massa e com o calor do forno o pão cresce atingindo o tamanho ideal. Seja como o padeiro... Trabalhe com as mãos e sove seus planos sem desanimar. O resultado será o pão da felicidade que você mesmo assou no forno da persistência.

Maria Nilceia - Via Mediúnica

domingo, 16 de abril de 2023

Prego, Morte e Remorso

 



Fúlvio, universitário, ao final de uma noite de aulas, desentendeu-se com Mário, seu professor. Passou a julgar-se vítima de perseguição e começou a nutrir revolta e ressentimento em relação a ele. Esses sentimentos aumentaram mês após mês, chegando a se transformar em ódio. 

Começou a dar vazão ao desejo de vingança. Acordava à noite, pensando em como se vingaria. Decidiu: espetaria um prego num dos pneus. Assim fez numa noite chuvosa em que não havia testemunhas fora da Universidade. 

Término da última aula daquela noite que infelicitaria o professor. Já na estrada, Mário percebeu algo diferente com o carro, mas resolveu seguir cerca de 3 km, onde pararia num posto. Nesse percurso, surgiu um cão desnorteado. Segundo um motociclista que vinha atrás, Mário tentou desviar, mas não conseguiu, atropelou o animal e o carro fugiu do controle. O animal morreu instantaneamente e Mário capotou o automóvel. Despencou duma ribanceira pedregosa, morrendo em consequência dos ferimentos. 

Alguns alunos que gostavam de Mário foram ao velório e depois relataram a Fúlvio a tristeza da esposa grávida e da filha de dez anos. Fúlvio guardou o segredo consigo durante toda sua vida e o remorso não mais lhe deu paz. Aos sessenta anos, procurou o túmulo de Mário. Levou uma flor com um bilhete, o qual deixou aberto sobre o túmulo. Nele se lia: Perdoe-me professor Mário! Lágrimas embaçavam-lhe os olhos. 

Em relação a Fúlvio, podemos colher um ensinamento contido no livro "Monte Tabor, do Dr. Inácio Ferreira/Carlos A. Baccelli": (...) larvas mentais pululam nas mentes que se enfermam - e elas também se reproduzem! O pensamento, sem dúvida, tem a capacidade de se fecundar - tanto para o bem quanto para o mal! Uma ideia se acasala com outra ideia…

Tomemos cuidado com nossos pensamentos: crimes horríveis já foram levados a efeito devido aos desejos enfermiços que dominam as mentes insanas. Cuidar de nosso sentir, colocando calma no coração, será sempre o melhor caminho a seguir. 

Médiuns videntes costumam relatar que veem energias cinzentas rodeando as cabeças de muitos que alimentam procedimentos prejudiciais. 

Preferível orar e adoçar o verbo com o conselho de Chico Xavier: esqueça o acusador; ele não conhece o seu caso desde o princípio. Perdoe ao mau; a vida se encarregará dele.

Maria Nilceia - Via Mediúnica


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Esperança

 


A jovem, cabisbaixa, chorava no quintal, agachada em frente a uma plantinha prestes a morrer e dizia:  

- Estou como você, quase morta. Foi-se embora minha expectativa de vencer. Preparei-me tanto para o concurso e não fui aprovada. O desânimo me toma por inteiro.  

No dia seguinte, ela voltou em frente a plantinha, que estava mais tombada ainda. Passou-se mais um dia e choveu bastante. Em três dias a plantinha revigorou-se. A moça tornou ao quintal e com surpresa constatou a transformação do vegetal, agora totalmente verdinho. 

Somente então ela acordou para realidade… e disse para si mesma:  

-Se a chuva foi capaz de reavivar esta planta, o que será capaz de me reavivar?  

Ela viu então um filhote de rolinha fazendo esforço para voar. Na primeira tentativa caiu, na segunda encheu-se de esperança e conseguiu voar. Acendeu-se na mente dela uma luz a incentivá-la: 

-É a esperança que faz bem ao ser humano, é ela que reanima os caídos. Levantar, reanimar-se e prosseguir é a ordem do dia.  

Com essa luz detectada em seu caminho, ela conseguiu sair do estado de coitadinha e sofredora. Alimentou seu coração de novas perspectivas e se colocou a estudar.  

Esperança: construção que você fortifica cada dia mais, com otimismo e fé! 

Maria Nilceia – Via Mediúnica


domingo, 21 de agosto de 2022

O Moço Com Peso Nas Costas

 


Ele desencarnou após permanecer vários dias no leito hospitalar. Findo o desligamento do espírito, ele reconheceu-se com grande peso nas costas, o qual estava difícil de suportar. Passaram-se dias e ele tentando livrar-se do peso. Até que viu um homem em pé sob uma árvore. Percebeu que o homem o olhava. Resolveu aproximar-se. Com emoção, reconheceu o próprio Jesus. Ajoelhou-se e em prantos disse: 

-Jesus, porque esse peso em minhas costas? 

Jesus respondeu:

-Filho, lembre-se de sua vida na Terra. Rememore quanta desavença você alimentou, quantas omissões praticou, achando que estava sempre com a razão. Porque desejou tanto mal ao próximo e porque quando foi preciso perdoar, negou-se a fazê-lo? Porque enxotou de sua porta aqueles que lhe queriam bem?

E, olhando o moço triste, arrematou: 

-Esse peso em suas costas é a bagagem que trouxe com você. Só você poderá aliviar esse peso, refazendo sua trajetória. De antemão eu lhe digo que todo aquele que se julga livre de faltas fica refém do orgulho destruidor. Siga seu caminho em busca de solução. Rogue com fé a presença de seu protetor e ele o aconselhará com sabedoria. 

Penalizado, Jesus afastou-se pensando em quantas pessoas de coração brutalizado se perdem nos caminhos.

Maria Nilceia - Via Mediúnica


sábado, 23 de abril de 2022

Conselho de Um Guru

 


– Meu querido guru, qual é o fermento para que meu casamento, que está tão perto dê certo?  

O guru respondeu ao jovem:  

– É preciso não quebrar o encanto que existe no tempo de namoro. Nas pequenas atitudes tomadas, os cônjuges se entendem ou se separam. Simples favores, pedidos fáceis de serem atendidos, companheirismo, alegrias vividas juntos, tristezas compartilhadas, mãos estendidas sempre, gentileza, representando a educação e as boas maneiras. Tais ingredientes lampejam, iluminando corações e trazendo felicidade.  

O jovem, coçando o queixo e fazendo um tempo de silêncio, externou:  

– Não sei se serei capaz de manter tais atitudes. Sou fácil de me irritar. 

Ao que o guru, respondeu:  

– Somente o amor fechará as portas para a irritação. Enquanto ele existir, seu casamento durará.  

Pensativo, o jovem terminou de tomar o chá que lhe foi oferecido. Ao se despedir, agradeceu, beijando as mãos do guru:  

– Tentarei, farei o possível para que o amor não se finde. Obrigado!  

Ao completar bodas de ouro, o outrora jovem, mas hoje, de cabelos encanecidos, ao cortar o bolo, junto com a esposa, beijou-lhe a fronte, dizendo: 

– Te amo, minha velha, te amo!

Certamente, o amor venceu. 

Maria Nilceia - Via Mediúnica

 

No Interior de Uma Igreja

 


Ambiente sagrado, iluminado, pronto para todo aquele que gosta de sonhar e viver. Saulo entrou nessa pequena igreja em busca do Senhor. E o Senhor lhe falou: 

– O que fazes aqui, filho? 

Saulo respondeu: 

– Procuro alento para meus irmãos que estão sofrendo neste mundo tão lindo que fizeste para nós. Rogo que os cure, Senhor! 

– Não posso, não devo! 

– Por que, meu Pai? 

– Porque eles precisam desejar a cura. Serão curados pelos remédios que podem ser adquiridos em seus corações. 

– Como assim? 

– Eliminando o veneno da auto piedade, da mágoa, da revolta, do inconformismo, do ódio. Meus filhos não desejam mudar. De vida em vida eles vêm se descontrolando, mantendo os nervos em desalinho e aí então... 

– Compreendi. Aí então, não tem como curá-los. Tens, no entanto, algumas palavras para eles? 

-Sim. Digite aí: Meus filhos, estou com vocês, sempre! Minha essência está no ar que lhes dou, nas flores que lhes ofereço, nos pássaros que cruzam o céu, nas energias do sol, da lua, das estrelas, nos bons exemplos que vocês veem em todos os recantos. Ela está plena em cada um de vocês! Procurem a cura no raiar dos dias e no cair das noites. Quando tudo estiver muito difícil, lembrem-se que em outras existências, tudo esteve pior ainda. Curem-se com novos pensamentos, com sentimentos que brilhem, amando e sorrindo. O remédio, vocês todos possuem... façam uso dele! 

Saulo concordou: 

– Que assim seja, Pai! 

Maria Nilceia - Via Mediúnica

terça-feira, 12 de abril de 2022

Proteção Sempre Presente

Júlio achava que não tinha protetor, mas que se tivesse, ele havia se afastado, pois os problemas estavam grandes. Ele orava e não era atendido. Lutou com toda sua força e coragem. Era o que lhe restava, já que a fé havia ido embora.  

Tudo, felizmente acabou se resolvendo com seu esforço. Dívidas foram pagas, a família se reequilibrou e a paz voltou no lar. Numa noite agradável, ele sonhou com seu protetor. Recebeu a inesperada visita demonstrando um ar pouco amigável e imediatamente cobrou:  

-Abandonou-me e agora aparece quando tudo está bem. 

O protetor, muito calmo e nem um pouco ofendido respondeu:  

-Filho, o ser humano só cresce quando ele se empenha pelo esforço próprio em vencer. Todo esse tempo, eu permaneci alerta, de joelhos no chão, intercedendo a Jesus por você e por sua família. E numa de minhas preces, Jesus respondeu: até ontem, Júlio agiu como criança mimada. Está na hora dele atuar usando a própria inteligência e capacidade. Prossiga orando. Suas boas energias o iluminarão para que ocorram as soluções. 

Dito isso, ele afagou a fronte de Júlio e num minuto desapareceu, deixando um rastro de luz no espaço. Júlio, pedindo perdão, deixou que lágrimas brotassem de seus olhos e jamais voltou a colocar em questão a ajuda de seu Anjo Guardião.  

Reflexão: todos temos um protetor, mas é preciso fazer a nossa parte. 

Maria Nilceia - Via Mediúnica


domingo, 3 de abril de 2022

O Pai de Santo e Allan Kardec

   


 

Um Pai de Santo estava insatisfeito com seu terreiro. Algo faltava para um funcionamento mais positivo. Então ele, que já havia lido vários conteúdos sobre os livros de Allan Kardec, teve a ideia de começar a pedir a sua ajuda. Simpatizava-se com os ensinos espíritas. 

Certa noite, a reunião estava em andamento. Médiuns concentrados, recebendo os Pretos Velhos... Em dado momento, um dos Pretos Velhos, incorporado num médium, assim falou:  

- Atenção... Vem entrando em nosso terreiro, Allan Kardec, sorrindo simpaticamente. Ele carrega em sua mão um pergaminho... Está abrindo o pergaminho e pede para eu ler para vocês o que nele está escrito. As palavras são as seguintes:  

“Irmãos, tendes um valoroso Pai-de-Santo que está preocupado em melhorar o funcionamento deste terreiro. Em suas orações tem pedido minha ajuda e aqui estou para dar uma sugestão. Indico um acompanhamento no sentido de orientarem os espíritos sofredores que aqui vêm com frequência buscar ajuda. Eles se ajoelham fervorosos diante das imagens de vosso altar e rogam ajuda. Muitos deles precisam de um conhecimento mais profundo acerca da Reforma Íntima que necessitam fazer para conseguir a própria iluminação. Será então de grande valia a introdução da reunião chamada popularmente de mesa branca. Só que será preciso estudar ao menos O Livro dos Médiuns. Terminado o estudo, poderão começar a prática das reuniões mediúnicas. Virão espíritos dedicados que trarão os irmãozinhos sofredores para serem esclarecidos. Índios, caboclos e pretos velhos virão também para assegurar a proteção e o encaminhamento dos necessitados. Parabenizo e louvo a existência do Pai de Santo deste terreiro, que trabalha com responsabilidade e dedicação. Que haja harmonia, paz e libertação para todo aquele que carrega dores insondáveis em seu coração. Meu abraço espiritual ao querido Pai de Santo que está no leme deste terreiro. Salve Jesus!”  

Todos responderam: 

- Salve!            

Os olhos do Pai de Santo verteram lágrimas de emoção e de gratidão. Seus rogos foram atendidos! Em palavras audíveis ele disse:  

- Obrigado Allan Kardec! Seguiremos vossas orientações.  

E assim, os trabalhadores iniciaram o estudo do Livro dos Médiuns.

Ao final, acertaram qual noite seria dedicada à reunião de encaminhamento dos sofredores e iniciaram o labor com alegria. 

Uma chama de energia iluminada, com frequência alimenta o terreiro do responsável Pai de Santo e os sofredores são trazidos para serem encaminhados.  

Salve Jesus, salve Allan Kardec... fiquem todos abençoados! 

Maria Nilceia - Via Mediúnica

Lenda da Flor de Maio




Dizem que na pequena cidade de Água Azul, situada num lindo vale florido cercado de montanhas, três jovens amigos se apaixonaram pela mesma donzela, cativante pela beleza serena a emoldurar seu rosto. Seu nome era Tamires.

Os três, em comum acordo, pediram-na em namoro.

Ela, por sua vez, apesar de desejar escolher apenas um, simpatizava-se com os três. E pensava: eles são lindos e amáveis, mas qual deles não terá nenhum vício e poderá ser um bom noivo para mim?

Num de seus momentos de prece, ela, que era devota de Nossa Senhora, pediu: 

– Maria, mãe de Jesus, qual dos três será o melhor? Peço-Te uma graça... aquele que for ideal, que me presenteie com uma flor de maio. 

Passados alguns dias, um deles, o de nome Francesco, esperou Tamires no portão de sua casa, com um vaso de flores de maio. Várias flores estavam abertas. Ao vê-la, disse: 

– Tamires, como você ainda não decidiu, resolvi dar-lhe essas lindas flores, como prova de meu amor e de minha sinceridade. 

Isso aconteceu num dia vinte de maio.

Naquele momento, Tamires aceitou o pedido de namoro de Francesco. Quatro anos mais tarde, eles noivaram. Um ano após, eles casaram exatamente num dia vinte de maio.

Todos os habitantes da pequena Água Azul ficaram sabendo dessa linda história e elegeram a famosa flor maio como a flor das noivas. 

Uma florista da cidade conseguiu com seu talento confeccionar lindos buquês de flores de maio, para que a história de amor não fosse esquecida. 

Eles passaram a ser os mais requisitados buquês pelas noivas que casavam no mês de maio. Com certeza, os casais foram muito felizes!

Moral da História: Seja bom, seja livre de vícios e viverá uma linda história de amor que lhe dará alegrias, as quais enfeitarão as páginas do livro de sua vida.

Maria Nilceia - Via Mediúnica


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

A Anciã e Sua Netinha




Ela era uma anciã já bem arcada. Permanecia na porta de uma igreja pedindo esmola. As pessoas passavam por ela, em sua maioria sem prestar atenção, sem um sorriso, sem uma ajuda. Alguns poucos auxiliavam.  

Certa vez, a anciã ficou sabendo que existia uma capela distante do local onde ela pedia esmola. Informou-se sobre onde se situava a igrejinha e decidiu ir lá. Quem sabe na simplicidade da capela existissem pessoas mais caridosas, pensou ela. 

Numa noite em que as necessidades estavam grandes, ela chegou com dificuldade até o local. Parou na porta com o saco. O pároco viu-a e convidou-a a entrar. Ela recusou o convite porque se sentia muito inferior às pessoas. Ele a pegou levemente pelo braço e a conduziu até o interior. Acomodou-a num dos bancos e pediu que ela esperasse até o final do culto, porque ele voltaria a falar com ela. 

A anciã permaneceu quietinha ouvindo tudo o que o padre falava.  Durante a leitura do Evangelho, quando ele proferiu as conhecidas palavras de Jesus, “deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus”, os olhos dela marejaram. Após o final do culto, o padre pegou toda quantia que havia conseguido com as contribuições dos fiéis e aproximou-se da velhinha, perguntando onde era sua casa. Disse que a levaria.  

Ela respondeu:  

- É longe, padre. 

- Eu tenho carro. É velho, mas funciona.  

Ela aceitou, pois percebeu a boa vontade dele. Quando chegaram, a anciã o convidou a entrar para conhecer sua netinha. Explicou que a sua filha havia ido embora deixando a criança com ela. Aproximaram-se do berço. A criança apresentava uma anomalia congênita num dos bracinhos.  

O padre, disfarçando as lágrimas, perguntou: 

 - É apenas a senhora quem sustenta a criança?  

- Sim... sou eu, com o dinheiro das esmolas. Não é fácil. Tenho leite só para essa noite. Por isso fui à capela tentar conseguir ajuda.  

O padre pediu licença e abriu a velha geladeira. Lá estavam apenas duas batatas, um tomate e um pouco de leite.  Ele deu o dinheiro para ela dizendo que comprasse leite e tudo o mais que precisasse. Despediu-se abraçando-a e dizendo que voltaria.  

No dia seguinte, convocou seis mulheres caridosas frequentadoras da capela e lhes explicou a situação. Juntos, passaram a prover o lar da senhorinha e ela não precisou mais pedir esmolas.  

Um dia, ao chegarem, encontraram a anciã agonizando e a criança chorando. Após algumas horas ela morreu e a criança foi levada para adoção. Um casal sem filhos encantou-se com o sorriso da criança e a adotou. O padre não perdeu o contato com a menina e com os pais adotivos. Hoje, a menina está com 12 anos. É feliz, ama seus pais adotivos e sempre comparece às missas do querido padre.  

A vida é bem assim meus irmãos, o amor conserta qualquer situação.

Jesus os abençoe! 

Maria Nilceia - Via Mediúnica


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

São Pedro e as Varas de Pescar

 


São Pedro estava de folga naquele dia. Ninguém pedindo para entrar no céu. Só que o descanso não durou o dia todo e ele passou a ouvir o apelo de um homem que dizia:  

- São Pedro, São Pedro... me ajude... estou em baixo da água e não consigo me libertar... 

O Santo, ao consultar o protetor do homem, obteve a seguinte informação: 

- Nikolai foi um homem bastante raivoso e vingativo. Muitas vezes dizia: comigo tem que ser do meu jeito, perdoar não é comigo não. Tentei melhorá-lo, mas não consegui.  Infelizmente ele acabou morrendo afogado.  

Então São Pedro pensou: veremos se ele merece ajuda. Arrumou duas varas de pescar e colocou dois cartões no lugar dos anzóis. Num estava escrito: quero sair daqui. No outro os dizeres eram os seguintes: estou disposto a perdoar, ser bom e quero sair daqui. 

São Pedro pediu que ele escolhesse uma vara. Nikolai puxou a vara em que estava escrito: quero sair daqui.

 O santo fez outro cartão e o enviou até Nikolai. No cartão estava escrito:

 - Filho, eu só posso tirá-lo daí quando você entender o significado dos verbos amar e perdoar.

 Dizem que Nikolai escolheu ficar por muito tempo sob a água. Que pena não é mesmo? Quantas vezes as pessoas não compreendem que a mansidão é fonte de felicidade. Não é difícil ter uma alma dócil...  basta livrar-se do orgulho de se achar sempre com a razão.

 Meu irmão, não sinta vergonha de perdoar. Muitas vezes, aquele que lhe ofendeu é mais doente do que você pensa. Sinta piedade e se for preciso, estenda sua mão, sem esperar que ele lhe estenda a sua. 

Maria Nilceia - Via Mediúnica